quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Esses dias estava relendo um livro que já havia lido a muuuiito tempo atrás: O Livro de Mágoas, publicado em  1919, por  Florbela Espanca, uma poetisa portuguesa que morreu aos 36 anos, após uma vida tumultuada e cheia de sofrimento. Apesar disso,  Flor Bela de Alma da Conceição, soube transformar toda dor em poesia de qualidade. Sem contar que foi uma revolucionária, foi uma das primeiras mulheres em Portugal a frequentar um curso secundário, porém era uma pessoa atormentada, que na terceira tentativa de suicídio teve sucesso, falecendo no dia do seu 36º aniversário, em 8 de Dezembro de 1930.
Não sei porque de repente lembrei desse livro e dos poemas de Florbela Espanca, mas lembrei! 
Então vou deixar aqui um dos meus favoritos de Florbela Espanca:


TORRE DE NÉVOA
 
Subi ao alto, à minha Torre esguia,
Feita de fumo, névoas e luar,
E pus-me, comovida, a conversar
Com os poetas mortos, todo o dia.

Contei-lhes os meus sonhos, a alegria
Dos versos que são meus, do meu sonhar,
E todos os poetas, a chorar,
Responderam-me então: “Que fantasia,

Criança doida e crente! Nós também
Tivemos ilusões, como ninguém,
E tudo nos fugiu, tudo morreu!...”

Calaram-se os poetas, tristemente...
E é desde então que eu choro amargamente
Na minha Torre esguia junto ao céu!...

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